sábado, 23 de outubro de 2010

Os miseráveis

Victor nasceu
no Jardim das Margaridas.
Erva daninha
nunca teve primavera.
Cresceu sem pai
sem mãe
sem norte
sem seta.
Pés no chão
nunca teve bicicleta.
Hugo não nasceu, estreou.
Pele branquinha
nunca teve inverno.
Tinha pai
tinha mãe
caderno e fada madrinha.
Victor virou ladrão
Hugo salafrário
um roubava pro pão
outro pra reforçar o salário.
Um usava capuz
o outro, gravata.
Um roubava na luz
o outro, em noite de serenata.
Um vivia de cativeiro
o outro de negócio
um não tinha amigo, parceiro
o outro, sócio.
Retrato falado
Victor tinha a cara na notícia.
Enquanto Hugo
fazia pose pra revista.
O da pólvora
apodrece penitente.
O da caneta
enriquece impunemente.
Um,
só resta virar crente
o outro,
é candidato a presidente.

(Sérgio Vaz)

Um comentário:

  1. Pra entrar no clima da eleição né?
    Políticos corruptos do Brasil, por favor criem vergonha na cara.
    Valeu !
    Poema mega inteligente do Poeta Sérgio Vaz.

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